O que é o Mistério da Santíssima Trindade?
A doutrina da
Santíssima Trindade, é o alicerce central da Fé Católica, representa a união de
três pessoas distintas em um único Deus. Esse mistério compreende uma única
essência que subsiste em três pessoas.
Compreendendo os Fundamentos
É necessário
compreender alguns fundamentos para melhor compreensão do mistério da Trindade.
Essência: A essência define a natureza de um ser e o diferencia
de outros.
Natureza: É a manifestação da atividade de um ser e a fonte de
suas ações.
Substância: Refere-se ao fato de que o ser existe de forma
independente, sem depender de outros.
Pessoa: Uma pessoa é uma substância completa com
racionalidade, individualidade e autonomia.
Desvendando o Mistério da Santíssima Trindade
Existe apenas
um Deus, que é único em Sua natureza, mas que se revela como uma Trindade de
pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Cada uma dessas três pessoas
divinas subsiste em uma única substância, compartilhando a mesma essência.
Desafios à Compreensão do Dogma
Desafios à Doutrina:
a) Modalistas: Alegavam que o Pai, o Filho e o
Espírito Santo eram apenas modos diferentes da mesma pessoa, uma única pessoa
em três manifestações.
b) Negando a Consubstancialidade: Alguns
questionavam a consubstancialidade das pessoas, considerando-as separadas.
Ário dizia que
a segunda pessoa da Trindade, O Verbo, não era igual ao Pai e ainda que não era
verdadeiro Deus.
O Bispo de
Constantinopla, Macedônio, dizia que o Espírito Santo era somente o ministro do
Pai e do Filho, criado pelo Filho. Macedônio ainda afirmava que Cristo não era
da mesma substância de Deus Pai.
c) Triteísmo: eles professavam a crença em três pessoas
e três naturezas em Deus.
Adicionalmente,
grupos como os Socinianos, protestantes liberais, racionalistas e modernistas
argumentavam que o dogma não fazia parte da fé dos primeiros cristãos e foi
desenvolvido nos primeiros séculos.
O Dogma da Trindade e suas Evidências:
Três pessoas
verdadeiramente distintas - o Pai, o Filho e o Espírito Santo - subsistem em
uma única e mesma natureza divina. Esse dogma é confirmado por símbolos de fé
como o Símbolo dos Apóstolos, que remonta ao início do século II e declara a
crença em Deus Pai, em Jesus Cristo e no Espírito Santo. O Símbolo
Niceno-Constantinopolitano também reforça a divindade e a consubstancialidade
das três pessoas. Outras formulações, como o Símbolo de Santo Atanásio e as
deliberações do Concílio de Florença (que legitimou a inclusão do Filioque em
1439), solidificam esse dogma.
O IV Concílio de Latrão afirma no ano de 1215: “Cremos
firmemente que há um só Deus verdadeiro, Pai, Filho e Espírito Santo; três
pessoas, porém uma essência única, substância ou natureza absolutamente
simples.”
Escritura Sagrada
Na Sagrada
Escritura, encontramos evidências desse mistério, que incluem:
a) Três Pessoas Distintas e Divinas nas Escrituras:
Nos Evangelhos
Sinóticos, Jesus afirma que o Pai conhece o Filho e o Filho conhece o Pai(Mateus
10, 27; Lucas 10, 22).
No Evangelho de
João, lemos que o Espírito Santo procede do Pai e é enviado pelo Filho (João 15,
26; 16,7).
Eventos como o
Batismo de Jesus apresentam as três pessoas simultaneamente: o Pai falando, o
Filho sendo batizado e o Espírito Santo descendo como uma pomba.
A promessa do
Espírito Santo em João 14,16-26 e a Fórmula do Batismo (Mateus 28, 19) também
evidenciam a presença das três pessoas divinas nas Escrituras.
b) Unidade de Natureza:
Jesus afirmou
em João 10, 30 que Ele e o Pai são um, o que causou controvérsias entre os
judeus.
O mesmo princípio se aplica ao Espírito
Santo, que procede do Pai (João 15, 26).
As Escrituras,
portanto, sugerem que o Dogma da Santíssima Trindade estava presente desde os
primórdios do Cristianismo, com a distinção das pessoas mantida para evitar
qualquer conceito de triteísmo ou politeísmo.
A Tradição
A crença na
Trindade remonta às origens do Cristianismo:
a) Testemunho dos Mártires: Muitos mártires enfrentaram
torturas cruéis devido à sua confissão da fé na divindade das três pessoas. São
Policarpo, diante da fogueira, glorificou a Trindade de Deus.
b) Testemunho dos Pais da Igreja:
Santo Inácio de
Antioquia enfatizou o respeito igual às três pessoas da Trindade.
Santo Irineu destacou a crença na
divindade do Pai, de Jesus Cristo e do Espírito Santo.
Tertuliano
declarou que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são Deus, sendo cada um deles
Deus.
c) Práticas da Igreja:
A Trindade
Santa ocupa um lugar central na liturgia e na vida da Igreja.
Isso é evidente
no Sacramento do Batismo, nas bênçãos, orações, cerimônias e no sinal da Cruz.
A doxologia,
que proclama "Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo," é uma
expressão palpável desse ensinamento.
Relações das Três Pessoas Divinas, Atributos e Obras
a) Relações das Três Pessoas:
A Segunda
Pessoa procede da Primeira Pessoa por geração, o Filho procede do Pai desde
toda a eternidade, compartilhando a mesma natureza divina.
O Espírito
Santo procede do Pai e do Filho pela via da espiração, tornando-se uma pessoa
distinta das outras duas.
b) Atributos:
Todas as três pessoas possuem os mesmos atributos, como
poder, sabedoria, justiça e bondade.
c) Obras Externas:
Embora todas as obras pertençam à Trindade,
algumas são atribuídas a pessoas específicas. O Pai é considerado o criador,
enquanto o Filho está relacionado às obras de sabedoria e à salvação dos seres
humanos. Já ao Espírito Santo são atribuídas as obras de santificação dos
homens.
A Santíssima
Trindade é um mistério profundo e central na fé cristã, que tem desafiado os fiéis
ao longo da história a compreender a natureza divina de Deus em toda a sua
complexidade. Este artigo explorou os fundamentos, os desafios, as evidências
nas Escrituras e a tradição da fé, bem como as relações, atributos e obras das
três pessoas divinas. Esperamos que esta exploração ajude a aprofundar seu
entendimento deste mistério central da Fé Cristã.
Fontes utilizadas:
Doutrina Católica do Cônego Auguste Boulenger
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