A Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo


A Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo

Jesus Cristo é a pedra angular da fé católica, um ente real e um fato histórico indiscutível. A crença católica afirma que Ele é verdadeiramente Deus e verdadeiramente Homem, com uma dupla natureza que se entrelaça de maneira misteriosa. A vida de Nosso Senhor Jesus Cristo é composta por quatro fases cruciais, cada uma delas marcada por eventos e ensinamentos significativos.

 

1. Vida Oculta: Nascimento até 30 anos

A vida oculta de Jesus compreende o período desde seu nascimento até os 30 anos. Um dos momentos mais significativos desta fase é a Anunciação, que é narrada no Evangelho de Lucas (Lc 1, 26). Quando Maria responde ao anjo Gabriel que ela é a serva do Senhor, assim a Encarnação se torna um fato consumado. Em memória deste evento, a Igreja instituiu o Angelus e a Festa da Anunciação em 25 de março.

Outro evento importante desta fase é a Visitação, onde Maria visita sua prima Isabel, fato narrado pelo Evangelho de São Lucas(Lc 1, O Nascimento em Belém

O ponto de partida de nosso itinerário é o nascimento de Jesus em Belém. Este evento único na história da humanidade foi anunciado por anjos e marcou o início de uma nova era. A notícia deste acontecimento extraordinário logo se espalhou pelo mundo, ecoando desde os confins do Oriente.

Os sábios do Oriente, conhecidos como os Reis Magos, desempenharam um papel crucial. Guiados por uma estrela divina, eles trouxeram presentes que simbolizavam as duas naturezas de Jesus: ouro, que representava Sua realeza como Rei dos Reis; incenso, uma homenagem à Sua divindade; e mirra, que evidenciava Sua humanidade.

  

A Circuncisão

Poucos dias após o nascimento, Jesus passou pela circuncisão, um rito de passagem que o ligava à aliança estabelecida por Deus com o patriarca Abraão. A circuncisão era uma prática que distinguiu a raça eleita de outros povos, marcando o povo de Deus como Seu povo especial. Assim, o nome de Jesus foi dado a Ele durante este ritual, conforme registrado em Lucas III, 21.

 

Purificação de Maria e Apresentação de Jesus no Templo

Maria, a Mãe de Jesus, seguiu as leis judaicas, que exigiam que as mães fossem ao templo para oferecer um sacrifício de expiação após o nascimento de um filho. Para os ricos, isso envolvia um cordeiro, mas para aqueles menos favorecidos ou pobres, um casal de pombos seria o sacrifício. Esse rito representava a purificação da mãe e a apresentação do filho ao Senhor.

Neste contexto, Jesus, como o primogênito da família, foi consagrado a Deus para o serviço do Altar. Este evento é relatado no Evangelho de Lucas (Lucas 2, 22-40) e demonstra a humildade de Maria e a dedicação de Jesus desde os primeiros momentos de Sua vida terrena ao serviço de Deus.

 

A Tragédia dos Inocentes e a Fuga para o Egito

No entanto, a vida de Jesus estava longe de ser isenta de desafios. A matança dos inocentes, ordenada por Herodes (Mateus 2, 16-17), é um episódio sombrio. A brutalidade deste evento forçou a fuga de Jesus, Maria e José para o Egito, onde eles buscaram refúgio até que a ameaça passasse (Mateus 2, 21).

Esses eventos iniciais na vida de Jesus, registrados nos Evangelhos, estabeleceram as bases para Sua missão e destacaram Sua natureza divina e humana. Eles também servem como lembranças fundamentais da importância do nascimento de Jesus e de Sua missão redentora.

 

2. Vida Pública: Batismo de Jesus até a instituição da Eucaristia

A vida pública de Jesus dura três anos e é repleta de ensinamentos, milagres e interações com seus discípulos e o povo. Começa com o Batismo de Jesus por João Batista (Mt 3, 13-17) e inclui o período de tentação no deserto (Lucas 4,1-13) e a escolha dos primeiros discípulos, dos quais Ele selecionaria os 12 Apóstolos (João 1, 29).

 

Afirmações de Jesus:

Para demonstrar que Jesus era, de fato, o Messias e o Filho de Deus, ele apresentou credenciais notáveis:

Ele se declarou como sendo o Messias esperado (Mt 11, 4-5).

Disse à Samaritana que Ele era o Messias (Jo 4, 26).

Concordou com Pedro quando este O chamou de Cristo (Mt 16, 13-20).

Diante do Sinédrio, afirmou ser o Cristo e o Filho de Deus (Mt 26, 63-64).

Jesus nos ensinou que Ele veio do céu, sendo o único Filho de Deus e é um com o Pai, tendo a mesma natureza do Pai. (Jo 3, 13; 10, 30).

Ele atribuiu a si mesmo as perfeições divinas, como a impecabilidade e a eternidade.

Jesus revelou os direitos e os poderes divinos: perdoando pecados,  e como juiz dos vivos e dos mortos.

 

Profecias

As profecias desempenham um papel fundamental na confirmação da divindade de Jesus. Santo Tomás definiu profecia como "a manifestação do porvir, oculto às criaturas", uma previsão certa de coisas futuras que não podem ser conhecidas por meios naturais. Essas profecias não eram ambíguas ou dúbias, mas previsões precisas.

As profecias de Jesus podem ser divididas em duas categorias:

Profecias Cumpridas em Sua Pessoa

Essas profecias foram anunciadas no Antigo Testamento com muita antecedência de Sua vida oculta e pública. Entre elas, destacam-se as profecias em Isaías 7, Jeremias 31, Salmos 22 e Salmos 15, que se cumpriram de maneira notável na vida de Jesus.

 

Profecias Feitas por Ele Mesmo

Jesus não apenas cumpriu as profecias feitas por outros, mas também fez profecias sobre Sua própria vida. Por exemplo, Ele predisse Sua morte e ressurreição em Lucas 18, 32-33, Sua entrada triunfal em Jerusalém em Mateus 21,14, a construção de Sua Igreja em Mateus 16,18 e eventos futuros em Mateus 10,16 e Mateus 24,15.

 

Milagres

Os milagres realizados por Jesus são outra evidência de Sua divindade. Um milagre é um evento que desafia as leis naturais e é produzido pela intervenção extraordinária de Deus. Para entender a possibilidade dos milagres, é importante considerar dois aspectos:

Possibilidade dos Milagres por Parte de Deus

Deus, sendo onipotente, não tem limitações em realizar milagres. Seu poder é inquestionável e Sua vontade é soberana.

Possibilidade dos Milagres por Parte do Mundo

A realização de milagres não é impossível, uma vez que Deus pode derrogar as leis naturais acidentalmente ou decidir não aplicá-las em situações específicas.

Os milagres realizados por Jesus, como a transformação da água em vinho nas Bodas de Caná, a multiplicação dos pães, a cura de leprosos, cegos e paralíticos, e até mesmo a ressurreição do filho da viúva e de Lázaro, são evidências da onipotência divina em ação.

 

Sublimidade da Doutrina

Além de profecias e milagres, a doutrina de Jesus Cristo é notável por sua sublimidade. Ele trouxe mistérios profundos e uma moral sublime que revolucionou o entendimento espiritual. Sua mensagem central era o amor a Deus e ao próximo.

Amar a Deus não era uma novidade, mas amar o próximo como a si mesmo era uma inovação. Jesus expôs Sua doutrina com arte suprema, ensinando princípios que moldaram a ética cristã, como o perdão, a compaixão e a justiça.

Em resumo, as credenciais de Jesus, incluindo Suas profecias, milagres e doutrina sublime, testemunham Sua natureza divina. Sua missão era a de revelar o plano de Deus para a redenção da humanidade e oferecer um caminho de amor, esperança e salvação. As credenciais divinas de Jesus continuam a inspirar e fortalecer a fé dos cristãos em todo o mundo, lembrando-nos de Sua importância na história da humanidade.

Fonte Utilizada: 

Doutrina Católica do Cônego Auguste Boulenger


 

 

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