Os anjos, figuras espirituais envoltas em mistério, têm sido tema de debate e crença ao longo da história. Neste artigo, exploraremos diferentes facetas da doutrina católica relacionadas aos anjos, esclarecendo conceitos e destacando sua presença na Sagrada Escritura, Tradição e sua relação com a razão.
1. Anjos: Quem Negava Sua Existência?
a) Entre os judeus, os Saduceus negavam veementemente a
existência dos anjos, criando um ponto de discordância.
b) Ateus, materialistas, positivistas e racionalistas
argumentam que os anjos foram uma invenção dos judeus, questionando sua
realidade.
c) Alguns grupos protestantes liberais veem os anjos
como inspirações divinas ou homens superiores com a missão de orientar, não
como seres espirituais independentes.
2. Dogma dos Anjos: Baseado na Escritura, Tradição e
Razão
A teologia
católica afirma a existência dos anjos, fundamentando-se em três pilares:
a) Sagrada Escritura: Diversos textos no Antigo e Novo
Testamento mencionam anjos, confirmando sua existência. Alguns Textos Bíblicos:
Gn III, 24; Gn XVI 9,17; I Rs XIX, 5; Tb V, 5.
b) Tradição: Padres da Igreja e concílios, como o IV
Concílio de Latrão e o Vaticano I, corroboram a presença dos anjos.
c) Razão: Embora a razão não possa provar a existência
dos anjos, também não apresenta objeções à sua realidade.
3. Natureza dos Anjos: Seres Espirituais Superiores
Os anjos são
seres puramente espirituais, inferiores a Deus e superiores aos seres humanos.
Eles não possuem corpo, mas são verdadeiras substâncias espirituais. Sua
inteligência é bem mais elevada que a dos homens.
4. Número e Hierarquia
A quantidade de
anjos é vasta, mencionada na Sagrada Escritura como um exército celestial.
Existem três hierarquias angelicais com suas funções:
- Os Serafins, Querubins e Tronos: Contemplam a Deus.
- As Dominações, Virtudes e Potestades: Cuidam da
governança do mundo.
-Os Principados, Arcanjos e Anjos: Executam as ordens
divinas.
Todos são
chamados de anjos, pois são emissários de Deus, cumprindo Sua vontade.
5. Estado Original dos Anjos: Prova e Queda
Sobre o estado
original dos anjos, a Escritura não fornece detalhes. Sabe-se que possuíam a
graça santificante. E se sabe que Deus submeteu os anjos a uma prova antes de
conceder a eles o céu. Alguns anjos pecaram por orgulho, segundo a teoria de
alguns teólogos, eles podem ter desejado igualar-se a Deus ou recusaram adorar
o Verbo encarnado. Não sabe ao certo o que aconteceu. Aqueles que pecaram
tornaram-se demônios e foram precipitados no inferno, enquanto os anjos fiéis
passaram a desfrutar da Visão Beatífica.
6. Anjos da Guarda: Protetores Celestiais
Cada pessoa
possui um anjo da guarda designado por Deus. Esses anjos cuidam tanto do corpo
quanto da alma dos fiéis, protegendo-os, inspirando pensamentos santos e
auxiliando nas lutas contra o mal. São emissários divinos que intercedem por
nós.
7. Missão dos Anjos da Guarda: Corpo e Alma
Os anjos da
guarda oferecem serviços para o corpo e a alma:
a) Corpo:
Protegem contra perigos externos e auxiliam em questões terrenas.
b) Alma:
Defendem contra tentações, afastam o mal e levam nossas preces a Deus.
Na hora da
morte, fortalecem a alma para evitar a queda espiritual.
8. Demônios
A existência
dos demônios é um dogma, apoiado pela Sagrada Escritura e confirmado pelo IV
Concílio de Latrão. Os demônios desempenham papéis diversos:
a) Tentação: Tentaram Adão e Eva no Jardim do Éden,
enfrentaram Cristo e influenciaram em diversos eventos bíblicos.
b) Obsessão: ataca exteriormente o corpo e podem
atormentar a alma com tentações graves, induzir pensamentos e fantasias
prejudiciais.
c) Possessão: Quando controlam o corpo de uma pessoa,
provocando desordens graves.
Embora alguns argumentem que casos de possessão podem ser explicados por distúrbios mentais, a teologia católica acredita em possessões demoníacas reais.
Este
artigo lançou luz sobre a teologia católica relacionada aos anjos e demônios,
destacando a importância dessas figuras na fé cristã. A crença nos anjos da
guarda e na existência dos demônios continua a ser uma parte central da
espiritualidade católica.
Fonte
Utilizada:
Doutrina
Católica do Cônego Auguste Boulenger