Novíssimos: Céu


 

Introdução

         A busca incessante do ser humano por riqueza, honra, glória e amor na Terra, apesar de trazer felicidade relativa e temporária, deixa-nos ansiando por respostas mais profundas que só podem ser encontradas na vida após a morte. Nesse contexto, a crença na vida eterna, como apresentada no símbolo dos Apóstolos, divide-se em duas alternativas para os católicos: o Céu com seus deleites eternos ou o Inferno com seus suplícios infinitos.

 

I. A Outra Vida

         A crença na vida eterna é fundamental para os católicos, e ela se divide principalmente em duas alternativas: o Céu e o Inferno. Enquanto a busca por riqueza e prazeres terrenos pode proporcionar felicidade temporária, a verdadeira satisfação e realização das profundas aspirações humanas são encontradas no além, onde Deus reina soberano.

 

II. O Dogma do Céu

1. Base nas Escrituras Sagradas

         No Antigo Testamento, as Escrituras indicam que a morte reúne os justos com seus antepassados e povo (Gn XXV, 8-17; XXXV, 29). O livro da Sabedoria (Sb III, 7) descreve os justos radiantes como chamas.

         No Novo Testamento, Jesus e os Apóstolos afirmam a existência de um lugar reservado aos justos, promovendo a fundação do Reino de Deus (Mt XIII, 24; XXV, 14-46) e incentivando a busca de bens eternos (Lc XII, 33). São Paulo também descreve o Céu como a esperança final, a herança dos Santos e a morada eterna (Cl I, 5; I, 12; II Cor V, 1).

 

2. A Tradição e a Liturgia

         Os Padres da Igreja estão unidos na crença de um lugar onde os bem-aventurados residem, embora possam divergir em detalhes sobre as recompensas e condições no Céu.

         Santo Agostinho, por exemplo, descreve o Céu como um lugar de visão beatífica e alegria infinita.

         O dogma do Céu também é evidente na liturgia dos primeiros séculos, como nos Missais e Rituais Romanos Tradicionais, onde o Céu é descrito como um lugar de refrigério, luz e paz.

3. Razão e Justiça

         Além das Escrituras e da Tradição, a razão exige que a virtude seja recompensada e o vício seja punido. Essa relação exige a restauração da justiça perfeita, que é frequentemente deficiente neste mundo.

 

III. A Natureza do Céu

a) Visão Beatífica ou Intuitiva

         A Visão Beatífica é a capacidade de ver a Deus como Ele é. São Paulo afirma que no Céu veremos Deus face a face (I Cor XIII, 12), enquanto neste mundo O contemplamos através de Suas obras. No entanto, a compreensão finita da mente humana não pode abranger a infinitude divina.

b) Amor Beatífico

         O Amor Beatífico é gerado pela contemplação de Deus no Céu, proporcionando uma satisfação indescritível que não pode ser compreendida neste mundo (I Cor II, 9).

         Essa exposição sobre os elementos do céu vem do Papa Bento XII no ano de 1336.

 

Consequências

         No Céu, a felicidade varia de acordo com o mérito e santidade de cada indivíduo. Assim, a Visão Beatífica e Amor vem em graus diferentes. A justiça exige essa diferenciação (Jo XIV, 2; I Cor 1, 41-42).

         A felicidade do Céu é eterna e inamissível, conforme declarado no IV Concílio do Latrão e no Concílio de Florença.

         A proporção de eleitos é desconhecida, mas Jesus comparou o Reino do Céu a um campo de trigo e joio, sugerindo que a porta para o Céu é estreita e requer esforço para ser alcançada (Lc XIII, 24). E o céu somente é concedido a alma que se encontra isenta do pecado e das penas pelo pecado.

         Em conclusão, enquanto as Escrituras, a Tradição e a razão sustentam a existência do Céu, muitos mistérios sobre seu local permanecem sem resposta, mas a busca da justiça, virtude e amor divino são os pilares dessa esperança eterna.

Fonte Utilizada: 

Doutrina Católica do Cônego Auguste Boulenger

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