A Unidade da Igreja de Cristo

 

Imagem de Cara Harris por Pixabay

         Jesus Cristo fundou uma única Igreja, e essa singularidade é um princípio fundamental que permeia a fé cristã. A missão de Jesus na Terra foi trazer ao mundo uma nova doutrina, repleta de verdades divinas, proclamando o advento do Reino de Deus e desejando que o Evangelho fosse pregado a toda criatura. Essa nobre missão foi transmitida aos Apóstolos e, subsequentemente, aos seus sucessores, com a incumbência de completar a obra de Cristo, uma vez que Ele mesmo não conseguiu levar sua mensagem a todos os cantos do mundo.

         A doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo deve ser pregada de maneira integral, exatamente como Ele a ensinou. Suas palavras são claras e explícitas, revelando Sua vontade. Jesus anseia por um único rebanho e um único pastor, como Ele mesmo disse em João 10,16, e a Igreja que Ele instituiu deve perdurar até o fim dos tempos.

         No entanto, nos dias atuais, vemos a existência de diversas denominações que reivindicam ser a verdadeira Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Cada uma delas apresenta diferentes doutrinas, o que nos leva a questionar se todas realmente se originam de Jesus, que ensinou apenas uma doutrina, a verdadeira.

 

Sinais da Verdadeira Igreja

         A busca pela verdadeira Igreja de Cristo é uma preocupação comum entre os seguidores do cristianismo, e algumas denominações têm se destacado nessa busca. Entre elas, destacam-se a Igreja Católica, as igrejas ortodoxas e as igrejas protestantes.

         A verdadeira Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo é aquela que reconhece a primazia e a infalibilidade de São Pedro e seus sucessores. A Igreja Romana, em particular, afirma essa primazia de jurisdição de São Pedro, sustentando que ela é a Igreja de Cristo.

         Para entender melhor os critérios que definem a verdadeira Igreja de Jesus Cristo, podemos recorrer ao Concílio de Niceia. Esse importante evento ecumênico, que ocorreu no século IV, nos fornece notas e características que devemos considerar ao avaliar a autenticidade de uma igreja como a verdadeira Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Vamos explorar essas notas na próxima parte deste artigo.

 

Unidade

Nosso Senhor Jesus Cristo estabeleceu a Igreja com a missão de apascentar todo o rebanho e confirmar os fiéis. Ele escolheu São Pedro como líder, concedendo-lhe as chaves do Reino dos Céus e garantindo que as portas do inferno não prevaleceriam contra Sua Igreja. A unidade de governo e de fé é fundamental.

 

Santidade

         A Igreja é chamada a santificar e guiar as almas em direção à salvação. A santidade é refletida na doutrina, no culto e na moral da Igreja, bem como na santidade dos seus membros.

         Com relação a Perfeição e as Virtudes Heroicas Nosso Senhor Jesus nos chamou à perfeição, e a Igreja Católica exorta os fiéis a seguir os conselhos evangélicos, buscando a santidade.


Catolicidade

         Nosso Senhor ordenou que o Evangelho fosse pregado a todas as criaturas e que o mesmo fosse espalhado pela terra. Os apóstolos seriam então arautos do Evangelho e a catolicidade exige unidade na universalidade da Igreja. Sendo essa universalidade moral.

         A Igreja Católica é verdadeiramente católica, dirigindo-se a todas as nações e mantendo sua doutrina integral.


Apostolicidade

         A verdadeira Igreja deve ser apostólica em termos de pastores legítimos, sucessores dos Apóstolos, e na doutrina transmitida dos Apóstolos.

         A Igreja Católica traça sua apostolicidade na sucessão desde o Papa atual até São Pedro, garantindo que a doutrina apostólica permaneça inalterada.

 

A Igreja Católica Romana apresenta todos os quatro sinais da verdadeira Igreja

         A unidade é reconhecer o Papa como chefe supremo da Igreja, detentor da primazia. E além disso é manter a unidade de fé, onde os fiéis católicos professam a mesma fé, recebem os mesmos sacramentos e praticam o culto em conformidade com a autoridade infalível.

         A nota da santidade da Igreja chama os fiéis a fazerem observação da doutrina, dos mandamentos, dos sacramentos, da mortificação e dos conselhos evangélicos. Muitos filhos da Igreja buscam praticar diversas virtudes heroicas.

         A Igreja é Católica e se dirige a todas as nações e está em diversas partes do mundo, mantendo sua doutrina integral e sua universalidade de moral.

         A Igreja Católica possui uma sucessão ininterrupta dos pastores, remontando desde o Papa atual até São Pedro, com sua doutrina enraizada nos ensinamentos dos Apóstolos.

 

Outras igrejas

         As Igrejas Ortodoxas embora compartilhem muitas crenças comuns com a Igreja Católica não reconhecem a primazia papal e mantêm uma autonomia considerável. Também possui divisões doutrinárias.

         O protestantismo é caracterizado por uma multiplicidade de denominações, cada uma com interpretações diversas da Escritura. A falta de unidade doutrinária e a ausência de uma autoridade infalível são desafios para a validação dos quatro sinais da verdadeira Igreja.

 

A Necessidade de Pertencer à Igreja para a Salvação

         A afirmação "Fora da Igreja, não há Salvação" é uma declaração de grande significado na doutrina católica, que destaca a importância de pertencer à Igreja Católica para alcançar a salvação eterna.


O Conceito de Igreja: Corpo e Alma

         A Igreja, na visão católica, é compreendida tanto como um corpo organizado e visível quanto como uma comunhão espiritual com a graça santificante.

         O Corpo da Igreja é composto pelos membros batizados que não foram excomungados e que permanecem voluntariamente unidos à Igreja.

         A Alma da Igreja refere-se à graça santificante que nos faz participar da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, sendo essencial para a salvação.

 

Quem Não Pertence ao Corpo da Igreja?

         A doutrina católica declara que os seguintes grupos não fazem parte do corpo da Igreja:

         Os Infiéis são aqueles que não foram batizados. E não creem em Jesus Cristo.

         Os Hereges são aqueles que adotam doutrinas condenadas pela Igreja.

         Os Cismáticos são aqueles que não reconhecem a autoridade papal.

         Os Apostatas são aqueles que negam o batismo e aderem a outra religião.

      Excomungados Denunciados: Aqueles que foram excomungados de forma pública e devem ser evitados, em contraste com aqueles excomungados de forma tolerada.

 

Quem Não Possui a Alma da Igreja?

         Mesmo que alguém faça parte do corpo da Igreja, a falta da graça santificante no caso dos pecadores significa que eles não possuem a alma da Igreja. A graça santificante é o meio de santificação, e aqueles que a perdem não podem alcançar a salvação.

 

"Fora da Igreja, Não Há Salvação"

         A doutrina afirma que aqueles que voluntariamente e conscientemente rejeitam a Igreja Católica, não professam suas crenças e não seguem os mandamentos, não podem alcançar a salvação.

No entanto, há uma importante distinção a ser feita:

         Estão no Erro Voluntário e Culpado aqueles que conhecem a Igreja Católica como a Verdadeira Igreja e deliberadamente se afastam dela não podem ser salvos.

         Estão no Erro Invencível aqueles que estão sinceramente no erro, como os infiéis, hereges e cismáticos, mas seguem os preceitos religiosos de boa fé e buscam agradar a Deus de acordo com sua consciência, podem pertencer à alma da Igreja, mesmo que não sejam membros da Igreja Católica. Para eles, a salvação é possível, pois Deus julgará com base na luz que possuíam e em suas ações, não de acordo com uma lei desconhecida.

         Em resumo, o dogma "Fora da Igreja, Não Há Salvação" enfatiza a importância da Igreja Católica na busca pela salvação, mas também reconhece a possibilidade de salvação para aqueles que, por razões invencíveis, não pertencem à Igreja, desde que busquem sinceramente a vontade de Deus.

Fonte Utilizada: 

Doutrina Católica do Cônego Auguste Boulenger

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