Novíssimos: O Purgatório

 


         A crença na existência do Purgatório é uma verdade de fé definida pela Santa Igreja Católica. Neste artigo, exploraremos as raízes dessa crença, seu embasamento nas Escrituras Sagradas, o ensino da Igreja e a natureza do Purgatório.

 

As Bases Bíblicas do Purgatório

Antigo Testamento

         A ideia do Purgatório pode ser encontrada no Antigo Testamento, especificamente no livro de II Macabeus (II Mc XII, 43-46). Judas Macabeu ofereceu sacrifícios pelos falecidos na esperança de libertá-los de seus pecados. Isso sugere que orar pelos mortos é benéfico, pois eles ainda não alcançaram a vida eterna devido às faltas leves que devem expiar antes de entrar no céu.

 

Novo Testamento

         Embora Jesus não tenha mencionado diretamente o Purgatório, algumas de suas palavras implicam sua existência. Por exemplo, ao falar sobre o pecado contra o Espírito Santo, ele ensinou que alguns pecados poderiam ser perdoados na vida futura (Mateus XII,32). São Paulo também sugere a purificação após a morte em I Coríntios III,15. O fato de ele pedir orações em II Timóteo I, 16-18 para alguém já falecido, Onesíforo, implica a necessidade de tais orações.

 

O Ensino da Igreja

         A crença no Purgatório foi formalmente definida nos concílios da Igreja, como o II Concílio de Lião (1274), o Concílio de Florença (1439) e o Concílio de Trento (1545-1563). O Purgatório é compreendido como o lugar de expiação e purificação dos pecados, onde as almas que ainda não estão completamente sem pecados passam por essa purificação. A Igreja Militante desempenha um papel importante aliviando o sofrimento das almas e a estadia dessas almas no Purgatório por meio de orações, boas obras, indulgências e o Santo Sacrifício da Missa.

 

A Lógica por Trás do Purgatório

         Muitos indivíduos pecam durante suas vidas, mas não conseguem reparar completamente seus erros antes de falecerem. Como resultado, eles não podem entrar diretamente na Vida Eterna (Apocalipse XXI,27). No entanto, essas almas não merecem o Inferno e, portanto, devem passar por um processo de purificação e expiação no Purgatório antes de alcançar a vida eterna no céu.

 

A Natureza do Purgatório

         As penas no Purgatório podem ser divididas em duas categorias:

a) Pena Moral ou de Separação: Neste estado, as almas experimentam a privação da visão de Deus. No entanto, há uma esperança certa de que, eventualmente, entrarão no céu. As orações da Igreja, como o "Senhor, dai-lhes o descanso eterno e que a eterna luz as alumie," oferecem conforto a essas almas.

b) Pena do Sentido: Essas penas estão relacionadas ao Inferno, mas diferem por não serem eternas e não envolverem desespero. A situação do Purgatório é descrita pela Igreja como um lugar inferior num sentido moral, não material, e sua localização precisa não é determinada.

         Em resumo, a crença no Purgatório é uma parte intrínseca da fé católica, enraizada nas Escrituras, definida pelos concílios da Igreja e fundamentada na ideia de que as almas precisam passar por um processo de purificação antes de entrar na vida eterna. Esta crença oferece conforto às almas e aos fiéis, incentivando orações e boas ações para auxiliar aqueles que já faleceram em seu caminho para a salvação final.

Fontes utilizadas:

Doutrina Católica do Cônego Auguste Boulenger

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