Sexta-Feira Santa

 


Os. 6, 1-6

Eis o que disse o Senhor: «No meio da sua tribulação terão pressa de recorrer a mim. Vinde, dirão eles, convertamo-nos ao Senhor, pois Ele mesmo nos feriu e nos curará. Ele nos castigará e nos sarará. Em dois dias nos dará a vida; ao terceiro dia nos ressuscitará e viveremos na sua presença. Então conheceremos o Senhor e segui-l’O-emos, a fim de O conhecermos melhor. Seu despertar será como o da aurora; virá como a chuva do Outono, que rega a terra. Que posso eu fazer-te, ó Efraim? Que posso eu fazer-te, ó Judá? vossa misericórdia é como a nuvem da manhã; é como o orvalho, que se evapora. Por isso te fiz sofrer pelos Profetas; matei-os com palavras, saídas da minha boca; e o teu julgamento brilhará, como a luz. É a misericórdia que eu quero. Prefiro o conhecimento de Deus a todos os holocaustos que me ofereçais».


Ex. 12, 1-11

Naqueles dias, disse o Senhor, na terra do Egipto, a Moisés e a Aarão: «Que este mês seja para vós o princípio dos meses: o primeiro dos meses do ano. Falai a toda a assembleia dos filhos de Israel, dizendo: «No décimo dia deste mês cada um tome um cordeiro para cada família e para cada casa. Se na casa houverem poucas pessoas para comer o cordeiro, chamar-se-ão em casa do vizinho, que estiver mais perto, tantas pessoas quantas sejam necessárias para comer o cordeiro inteiramente. Esse cordeiro será sem mancha, masculino e com um ano de idade; se porventura faltar o cordeiro, podereis tomar um cabrito com iguais condições. Guardareis esse cordeiro até ao dia décimo quarto desse mês, imolando-o, então, pela tarde, toda a multidão dos filhos de Israel. Tomar-se-á o seu sangue, com o qual pintarão as ombreiras e alizares das portas das casas em que o cordeiro for comido. Nessa mesma noite comerão com pão sem fermento e leitugas silvestres a carne, a qual será assada no lume. Não comereis desse cordeiro nada que seja cru ou cozido em água; mas todo será assado no lume. Comereis a cabeça, os pés e os intestinos, e nada deverá ficar para o dia seguinte; porém, se alguma coisa ficar, tereis o cuidado de consumi-la no fogo. Haveis de comê-lo desta maneira: rins cingidos, pés calçados e bordão na mão. Comê-lo-eis com pressa, pois é a ocasião da páscoa, isto é, a passagem do Senhor».


Narração da Paixão

Jo. 18, 1-40; 19, 1-42

Naquele tempo, passou Jesus com os discípulos para o outro lado da corrente do Cédron, onde havia ’um jardim, e ali entrou com eles. Judas, que o traía, conhecia também este lugar, pois Jesus vinha ali frequentemente com os discípulos. Então Judas, pondo-se à frente da coorte e dos servos, que os pontífices e os fariseus lhe haviam fornecido, veio ali com lanternas, archotes e armas. Ora, sabendo Jesus o que ia acontecer, foi ao seu encontro e disse: ✠ «A quem procurais?». C. E responderam-Lhe: S. «A Jesus Nazareno!». C. Disse-lhes Jesus: ✠ «Sou Eu!». C. Judas, que o traía, estava também com eles. Apenas, pois, Jesus lhes disse «Sou eu», retrocederam e caíram por terra. Perguntou-lhes então Jesus pela segunda vez: ✠ «A quem procurais?». C. Eles responderam: S. «A Jesus Nazareno!». C. Respondeu-lhes Jesus: ✠ «Já vos disse que sou Eu; se, pois, me buscais só a mim, deixai ir estes». C. Disse isto para ser cumprida a palavra que havia proferido: «Não perdi nenhum dos que me destes». Então Simão-Pedro, que tinha uma espada, desembainhou-a, acutilou um servo do pontífice e cortou-lhe a orelha direita. Chamava-se Malco. Mas Jesus disse a Pedro: ✠ «Mete a espada na bainha. Porventura não hei-de beber o cálice que deu meu Pai?».

C. Então a coorte, o tribuno e os satélites dos judeus prenderam e amarraram Jesus. Depois conduziram-n’O à presença de Anás, que era sogro de Caifás e pontífice naquele ano. Fora Caifás quem dera este conselho aos judeus: «Convém mais que morra um só homem, do que todo o povo!». Entretanto, Simão-Pedro seguia Jesus com outro discípulo, o qual, sendo conhecido do pontífice, saiu, falou à porteira e fez entrar Pedro. Ao vê-lo, disse-lhe a porteira: S. «Não és tu, também, pertencente aos discípulos deste homem?». C. Respondeu Pedro: S. «Não sou». C. Os servos e os satélites estavam em torno do lume a aquecer-se, pois estava frio. Pedro estava também com eles, de pé, e se aquecia. Entretanto fez o pontífice perguntas a Jesus sobre os seus discípulos e sobre a sua doutrina. Respondeu-lhe Jesus: ✠ «Eu falei sempre ao mundo às claras! Ensinei na sinagoga e no templo, onde se reuniam todos os judeus, e nada ensinei ocultamente. Porque me interrogas, pois? Pergunta antes àqueles que ouviram o que ensinei. Eles aí estão, e muito bem sabem o que lhes disse». C. Enquanto Jesus dizia isto, um dos guardas que lá estava deu-Lhe uma bofetada, dizendo: S. «Assim respondeis ao pontífice?». C. Jesus disse-lhe: ✠ «Se Eu falei mal, aponta-me o mal que disse. Se, porém, falei bem, porque me bates?».

C. Anás enviou-O, amarrado, a Caifás, que era o pontífice. Simão-Pedro continuava no mesmo lugar, se aquecendo. Disseram-lhe então: S. «Porventura não és tu discípulo d’Ele?». C. Pedro negou, dizendo: S. «Não sou». C. Um dos servos do pontífice, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha, disse ainda a este: S. «Acaso te não vi eu no horto com Ele?». C. Outra vez Pedro negou; e, logo, o galo cantou!

Era já de manhã; e por isso não entraram, a fim de que se não contaminassem e pudessem comer a Páscoa. Saiu, pois, Pilatos fora, a ouvi-los, e disse: S. «Que acusação fazeis a este homem?». C. Responderam e disseram: S. «Se Ele não fosse um malfeitor não to teríamos entregue». C. E Pilatos disse-lhes: S. «Tomai-O vós e julgai-O, segundo a vossa lei». C. Ao que os judeus retorquiram: S. «Não nos é permitido condenar ninguém à morte». C. Estas palavras foram ditas para que se cumprisse o que Jesus anunciara, indicando de que morte havia de morrer. Entrou, então, Pilatos no Pretório, chamou Jesus e disse-Lhe: S. «Sois o Rei dos judeus?». C. Jesus respondeu-lhe: ✠ «Dizes isso de ti mesmo, ou foram outros que te disseram isso de mim?». C. Pilatos respondeu-Lhe: S. «Acaso sou eu judeu? vosso povo e os pontífices entregaram-Vos às minhas mãos. Que mal fizestes?». C. Jesus disse: ✠ «Meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros certamente teriam combatido para que Eu não fosse entregue aos judeus; mas o meu reino não é deste mundo». C. Disse-Lhe Pilatos: S. «Então sois Rei». C. Respondeu Jesus: ✠ «Tu o dizes: Eu sou Rei! Eu nasci e vim a este mundo para dar testemunho da verdade. Todo aquele que procura a verdade escuta a minha voz». C. Disse-Lhe, pois, Pilatos: S. «Que é a verdade?». C. E, dizendo isto, foi novamente falar com os judeus, dizendo-lhes: S. «Não acho n’Ele crime algum digno de condenação. Ora, como é costume entre vós dar liberdade a um preso na Páscoa, quereis que solte o Rei dos judeus?». C. Então clamaram, novamente, todos: S. «Esse, não; mas sim Barrabás». C. Barrabás era, porém, um ladrão. Então Pilatos mandou açoitar Jesus, Os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-Lha na cabeça; e vestiram-n’O com um manto de púrpura. Vinham ter com Ele e diziam-Lhe: S. «Salve, ó Rei dos judeus!». C. Davam-Lhe também bofetadas. Pilatos saiu outra vez para fora e disse-lhes: S. «Eis que vo-l’O apresento novamente, para que saibais que não há n’Ele causa de condenação». C. Apareceu então Jesus, trazendo a coroa de espinhos e um manto de púrpura. E Pilatos disse: S. «Eis aqui o homem!». C. Apenas os príncipes dos sacerdotes e os satélites viram Jesus, gritavam e diziam: S. «Crucifica-O; crucifica-O!». C. E Pilatos respondeu: S. «Tomai-O vós e crucificai-O; pois não encontro n’Ele crime algum digno de condenação». C. Retorquiram-lhe os judeus: S. «Nós temos uma lei e, segundo ela, Jesus deve morrer, porque se diz Filho de Deus». C. Quando Pilatos ouviu estas palavras, temeu ainda mais. E, entrando outra vez no Pretório, perguntou a Jesus: S. «Donde sois Vós?». C. Jesus lhe não respondeu. Pilatos continuou então: S. «Não me respondeis? Ignorais que tenho poder para Vos mandar crucificar ou dar liberdade?». C. Respondeu-lhe Jesus: ✠ «Nenhum poder teríeis em mim, se vos não fora dado pelo alto; por isso, aquele que me entregou a ti é culpado de maior pecado». C. E Pilatos procurava algum meio com que salvasse Jesus; contudo, os judeus clamavam, dizendo: S. «Se O soltas não és amigo de César; porquanto, quem se faz rei declara-se contra César», Ouvindo estas palavras, Pilatos conduziu Jesus para fora e sentou-se no tribunal, em um lugar chamado Litóstrotos (que em hebreu significa Gabbata). Era então o dia de Parasceve (Preparação) da Páscoa, e quase a hora sexta. Pilatos disse aos judeus: S. «Eis o vosso rei!». C. Mas eles clamavam: S. «Tira-O; tira-O; crucifica-O!». C. E disse-lhes Pilatos: S. «Pois hei-de crucificar o vosso rei?». C. Os pontífices responderam: S. «Não temos outro rei senão César». C. Entregou-lhes, pois, finalmente, Jesus, para que fosse crucificado. Então seguraram-n’O e levaram-n’O.

Puseram-Lhe, pois, uma cruz aos ombros e conduziram-n’O para um lugar, fora da cidade, chamado Calvário (que em hebreu significa Gólgota), onde O crucificaram, e com Ele dois outros, um de cada lado, e no meio Jesus. Pilatos escreveu também uma inscrição, que mandou colocar na parte superior da cruz, a qual dizia: «Jesus Nazareno, Rei dos Judeus». Muitos judeus leram este título, pois o lugar onde Jesus fora crucificado era perto da cidade. O título estava escrito em hebreu, grego e latim. Os pontífices diziam a Pilatos: S. «Não escrevas Rei dos judeus; mas sim que Ele dizia: Sou o Rei dos judeus». C. Respondeu-lhes Pilatos: S. «O que eu escrevi fica escrito». C. Entretanto, havendo sido crucificado, tomaram-Lhe os vestidos e dividiram-nos em quatro partes, sendo uma para cada soldado. Quanto à túnica, como era sem costura, toda tecida de alto a baixo, combinaram entre si, dizendo uns aos outros: S. «Não a rasguemos, mas deitemos sortes para ver a quem ficará». C. Isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que dizia: «Repartiram entre si os meus vestidos e sobre a minha túnica deitaram sortes». Isto mesmo fizeram os soldados.

Estavam, então, de pé, junto à cruz de Jesus, sua Mãe e a irmã de sua Mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Vendo Jesus sua Mãe e perto dela o discípulo que Ele preferia, disse à Mãe: ✠ «Mulher, eis aí o teu Filho!». C. Depois disse ao discípulo: ✠ «Eis a tua Mãe!». C. Desde aquela hora, o discípulo a tomou a seu cuidado. Depois, sabendo Jesus que tudo estava consumado para se cumprir o que a Escritura anunciara, disse: ✠ «Tenho sede». C. Havia ali perto um vaso cheio de vinagre. Foram, pois, os soldados buscá-lo e, embebendo nele uma esponja, ataram-na a um ramo de hissopo e chegaram-Lho à boca. Havendo Jesus tomado o vinagre, disse: ✠ «Tudo está consumado!». C. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito!

Os judeus (porque era o dia da Preparação da Páscoa), não desejando que os corpos ficassem na cruz para o sábado (pois o sábado era solene), pediram a Pilatos consentisse que partissem as pernas aos crucificados e os descessem da cruz. Os soldados vieram e quebraram as pernas dos que haviam sido crucificados com Ele. Mas, tendo vindo a Jesus, como O vissem já morto, Lhe não quebraram as pernas, mas um dos soldados abriu-lhe com a lança o lado, do qual saiu sangue e água. E quem isto viu dá testemunho disso, e o seu testemunho é verdadeiro, pois sabe que diz a verdade, para que lhe deis crédito. Aconteceram estas coisas para se cumprir o que dizia a Escritura: «Não quebrareis nenhum dos meus ossos». Ainda a Escritura diz noutro lugar: «Contemplarão Aquele que traspassaram».

Em seguida, José de Arimateia (que fora discípulo de Jesus, ocultamente, com medo dos judeus), pediu a Pilatos o corpo de Jesus, o que Pilatos permitiu. Veio, pois, e tirou o corpo de Jesus. Acompanhou-o Nicodemos (que no princípio da noite viera procurar Jesus) com uma mistura de mirra e de aloés, de quase cem libras de preço. Tomaram, então, o corpo de Jesus e envolveram-no em lençóis com aromas, segundo o costume dos judeus. Havia no lugar em que Jesus foi crucificado um jardim, e nele uma sepultura nova, onde ninguém fora ainda depositado. Foi aí (por ser o dia da Preparação da Páscoa dos judeus) que depositaram Jesus, pois este túmulo estava próximo.


Meditação para a Sexta-feira Santa

Et inclinato capite, tradidit spiritum – “E inclinando a cabeça, rendeu o espírito” (Jo 19, 30)

Sumário. Contempla como depois de três horas de agonia, pela veemência das dores, as forças faltam a Jesus; entrega o corpo ao próprio peso, deixa cair a cabeça sobre o peito, abre a boca e expira. Alma cristã, dize-me: não merece porventura todo o nosso amor um Deus que, para nos salvar da morte eterna, quis morrer no meio dos mais atrozes tormentos? Todavia, como são poucos os que amam e muitos os que, em vez de O amarem, Lhe pagam com injúrias e ultrajes.

I. Considera que o nosso amável Redentor é chegado ao fim da sua vida. A mortecem-se-Lhe os olhos, o seu belo rosto empalidece, o coração palpita debilmente, e todo o sagrado corpo é lentamente invadido pela morte. Vinde, anjos do céu, vinde assistir a morte do vosso Deus. Vós, ó Mãe dolorosa, Maria, chegai-vos mais próxima à cruz, levantai os olhos para vosso Filho, e contemplai-O atentamente, porque está prestes a expirar.

Pater, in manus tuas commendo spiritum meum (1) — “Pai em vossas mãos entrego o meu espírito”. É esta a última palavra que Jesus profere com confiança filial e perfeita resignação com a vontade divina. Foi como se dissesse: Meu Pai, não tenho vontade própria; não quero nem viver nem morrer. Se é vossa vontade que eu continue a padecer sobre a cruz, eis-me aqui, estou pronto para obedecer; em vossas mãos entrego o meu espírito; fazei de mim segundo a vossa vontade. — Tomara que nós disséssemos o mesmo, quando temos alguma cruz, deixando-nos guiar pelo Senhor, conforme o seu agrado. Tomara que o repetíssemos especialmente no momento da morte! Mas para bem o fazermos então, devemos praticá-lo muitas vezes em nossa vida.

Entretanto, Jesus chama a morte, que por deferência não ousava aproximar-se do autor da vida, e lhe dá licença para lhe tirar a vida. E eis que finalmente, enquanto treme a terra, se abrem os túmulos e se rasga o véu do templo, eis que pela veemência da dor faltam as forças ao Senhor moribundo, baixa o calor natural, falha a respiração. Jesus abandona o corpo ao próprio peso, deixa cair a cabeça sobre o peito, abre a boca e expira: Et inclinato capite, tradidit spiritum (2). — Parti, ó bela alma do meu Salvador, parti e ide nos abrir o paraíso, fechado até agora, ide apresentar-Vos à Majestade divina, e alcançai-nos o perdão e a salvação.

As pessoas presentes, voltadas para Jesus Cristo, por causa da força com que proferiu as suas últimas palavras, contemplam-No com atenção silenciosa, vêem-No expirar, e notando que não se move mais, dizem: Morreu, morreu. Maria ouve que todos o dizem, e ela também exclama: Ah, Filho meu, já morreste; estais morto.

II. Morreu! Ó Deus! Quem é que morreu? O Autor da vida, o Unigênito de Deus, o Senhor do mundo. Ó morte, que fizeste pasmar o céu e a natureza! Um Deus morrer pelas suas criaturas! — Vem, minha alma, levanta os olhos e contempla esse Homem crucificado. Contempla o Cordeiro divino já imolado sobre o altar da dor; lembra-te de que Ele é o Filho dileto do pai Eterno, e que morreu pelo amor que te tem dedicado. Vê esses braços abertos para te acolherem; a cabeça inclinada para te dar o ósculo de paz; o lado aberto para te receber. Que dizes? Não merece ser amado um Deus tão bom e tão amoroso? Ouve o que do alto de sua cruz te diz o Senhor: Meu Filho, vê se há alguém no mundo que te tenha amado mais do que eu, teu Deus!

Ah meu Jesus, já que para minha salvação não poupastes a vossa própria pessoa, lançai sobre mim esse olhar afetuoso com que me olhastes um dia, quando estáveis em agonia sobre a cruz; olhai-me, iluminai-me, e perdoai-me. Perdoai-me em particular a ingratidão que tive para convosco no passado, pensando tão pouco na vossa paixão e no amor que nela me haveis mostrado. Dou-Vos graças pela luz que me concedeis de compreender através de vossas chagas e de vossos membros dilacerados, como por entre umas grades, o afeto tão grande e tão terno que ainda guardais para comigo.

Ai de mim, se depois de receber estas luzes deixasse de Vos amar, ou amasse outra coisa que não a Vós. Morra eu, assim Vos direi com São Francisco de Assis, morra eu por amor de vosso amor, ó meu Jesus, que Vos dignastes morrer por amor de meu amor. Ó Coração aberto de meu Redentor, ó morada feliz das almas amantes, não Vos dedigneis receber agora minha misera alma.

Ó Maria, ó Mãe de dores, recomendai-me a vosso Filho, a quem vedes morto sobre a cruz. Vede as suas carnes dilaceradas, vede o seu Sangue divino derramado por mim, e conclui disto quanto lhe agrada que lhe recomendeis a minha salvação. A minha salvação consiste em que eu O ame, e este amor vós mo deveis impetrar, mas um amor grande, um amor eterno.


Referências:

(1) Lc 23, 46

 (2) Jo 19, 30

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 415-418)

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